domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Ele pediu-lhe gentilmente que lhe abrisse a porta. Estava carregado e com as mãos sujas. Normalmente não quebraria as regras do cavalheirismo, mas a pressa de pousar o caixote de papelão era muita. Parecia uma criança no dia de natal quando encontrou o caixote envelhecido pelo tempo. “deve ter passado mesmo muito tempo” pensou, ao ver o manto de pó acastanhado que o cobria. Lembrou-se da ultima vez que mexeu naquelas velharias. Foi sem dúvida um dos piores dias da sua vida, mas sem dúvida o que mais o fez despertar. Amanda abriu-lhe a porta com a maior da suavidade. Também ela sofreu bastante naquele dia, o dia em que saiu de casa e abandonou tudo em busca da sua felicidade.

Tudo lhe parecia igual. Chegar à cidade que abandonara anos antes fez reavivar memórias esquecidas pelo tempo. O parque infantil onde brincara quando era pequena, o mesmo parque onde dera o seu primeiro beijo, havia sido destruído pelo tempo. As ruelas que várias vezes percorreu para cima e para baixo, sem olhar as horas. O velho carvalho, onde passou muitas tardes sentada a contar os carros que passavam. Tudo lhe lembrava o dia em que partiu e se resumia num novelo de sentimentos que insistiam em remexer-se no seu estômago. Voltar significava muito, principalmente ver aqueles que jurara nunca mais a querer ver. Mas neste momento não se tratava da sua vontade, mas alguém quebrara esse juramento.

 http://s3.amazonaws.com/pixmac-preview/oak-tree-symbol-of-strength-1.jpg

1 comentário:

Daniela Malmequer ♥ disse...

Gostei do texto :)


* Beijinho e Bom Fim de Semana *